quinta-feira, novembro 11, 2004

A Inteligência e a Imbecilidade

Quando uma pessoa é inteligente a posição política é acessória. Vista-se de esquerda ou direita, é a inteligência que prevalece, que decide. Ao contrário dos imbecis. No vácuo mental destes, o traje devém suporte, alicerce fundamental. O imbecil limita-se a servir-lhe de atrelado. Vai a reboque. Fatalmente, constitui seita, horda, matilha, com o mesma mística profunda que qualquer labrego constitui família. Nele, é o acessório que constitui essência. “Sou de esquerda, ou sou de direita”, proclama ele. E está tudo dito. Ei-lo na sua apoteose substantiva: Ser de esquerda ou de direita esgota-o, é signo essencial e, mais que afirmação de qualquer coisa, é negação do contrário. O imbecil, como a pata do cão a regar a parede, não se põe: contrapõe-se. Precisa duma parede, dum poste, dum muro, dum candeeiro, duma roda de automóvel, enfim: algo a que alçar a pata, onde deixar a sua marca, o seu cheiro, onde vincar a sua posição. O cão mija; o imbecil vocifera. O resultado, esse, é o mesmo.


1 comentário:

zazie disse...

Acredita que estava agora a dizer isso mesmo. Pode ser uma ideia um tanto perigosa até em termos éticos mas, de facto, a inteligência é um bem. E com inteligência tudo o resto vem por acréscimo. Incluindo o humor e toda a capacidade de desmontagem. Agora com o catálogo fico logo tudo dito: não pode haver inteligência que lhe resista. Mas essa trincheira da tribo de esquerda e de direita é tão velhinha. Foi das primeiras coisas que me surpreendeu ao conhecer o mundo dos blogues. Está na mesma, mumificada e imbecilizada na mesma facilidade de barricadas. A humanidade do lado A e do lado B ehehe claro que a principal divisão é de ordem moral. Mas eles ficam muito felizes pela pertença. E aplicam-se bem. Dá ideia que não avançam um pé sem confirmar se é o pé certo da sua tribo. Usam o catálogo como um livrinho da Paula Bobone. E depois fazem regularmente testes para ver se continuam muito in. Claro que para estas sumidades quem se está a marimbar para a catalogação não percebe nada de política. É um pobre de um elemento das massas sem capacidade de discernimento “;O))))