sábado, julho 29, 2006

Ficções

«Chevron atinge lucros record na sua história de 127 anos».
«It marks the largest three-month profit in Chevron's 127-year history, eclipsing earnings of $4.14 billion registered in last year's final quarter after energy prices spiked in the aftermath of hurricanes Katrina and Rita.»

«Exxon Mobil makes more than $10 billion.»

«BP profits hit record on high oil.»

As petrolíferas sempre tiveram lucros fabulosos. Segundo nos explicam certos entendidos nestas coisas esotéricas do mercado - entre eles, o professor Karamba, a médium Linda Reis e o mago Julião -, como os custos de produção e distribuição aumentam, têm implicitamente que aumentar os preços ao consumidor, de modo a que as petrolíferas mantenham os seus lucros sagrados.
A realidade, porém, é que as petrolíferas não mantêm os seus lucros fabulosos: multiplicam-nos. Galopam já à conquista da estratosfera. O leigo destas coisas, por mais que a sua lorpice congénita o atordoe, não consegue livrar-se da questão:
- Mas, na realidade, delírios à parte, porque é que os preços da gasolina sobem?

E, pior que a comichosa pergunta, instala-se-lhe no espírito uma séria suspeição: a treta do Mercado - mais as suas leis fatais e mãos invisíveis que tocam pívias inodoras- tresanda a ficção para embarrilar pacóvios.

Como sempre, aliás, a realidade esmera-se, olimpicamente, a defecar em cima da tese.

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