domingo, julho 27, 2008

Meteorito autografado

Os eventos formidejandos que eu venho perdendo... As pintelhices exorbitantas que vêm escapando ao camartelo da minha fina análise!...
O Pedro Arroja, por exemplo, revelou-se agora, arfa e suspira por um aeroporto com o seu nome. Bem, ao ritmo de inanidades substantivas com que vai armadilhando a sola dos sapatos aos filósofos, e à cadência infernal de safaris púbicos com que lhes vai espreitando e comichando o fundilho, eu diria que, senão um lounge internacional, seguramente uma feira já tem garantida. E não podemos dizer que não ficava catita: Feira do Arroja. Carcavelos e o Relógio estremeceriam. Enquanto aguardamos a supra-humanidade profetizada, vamo-nos entretendo com a super-ciganice. Enfim, são os tremoços, ou nem isso - as pevides-, em ante-sala para a lagosta.
Já o meu sócio e engenheiro Ildefonso Caguinchas também tem devaneios oníricos desses. Também sonha com o nome dele numa tremenda duma infraestrutura pública. Só que, no seu peculiar caso, é, invariavel e obsessivamente, aquele estádio cor de mênstruo que fica ali para os lados da Segunda Circular.
-"Estádio Engenheiro Ildefonso Caguinchas... diz-me lá que não era um mimo, ó Dragão!...", alanzoava-me ele, um dia destes. -"E tu, não gostavas de ver o teu nome num estádio?"
Pergunta estúpida, está bem de ver, porque eu já tenho o meu nome num estádio. E isso, para ser franco, não me dá prazer especial nenhum. Nem proveito. Não obstante, lá o esclareci, pacientemente:
-"Não, Caguinchas, meu velho, isso dos estádios não me diz grande coisa. Sempre preferi o teatro Grego ao circo romano. Agora um meteorito, daqueles grandes, bem grandes, densos, pesados, devastadores, que penetram a estratosfera, riscam a atmosfera e abrem grandes crateras no solo, ah, aí, a título excepcional, confesso que me encheria de satisfação!... Minto: de regozijo. Já imaginaste, ó caro amigo: o estádio Engenheiro-Arquitecto Ildefonso Caguinchas em tarde de derby, todo atestado e ululante, o árbitro quase a apitar, e vir do céu aquele formidável e justiceiro rochedo incandescente - o ilustre e benemérito meteorito César Augusto Dragão - para acertar em cheio naquela merda?!... "
Ou então na TVI, no Parlamento, no festival super-bock/super rock, na Moda Lisboa, na Festa do Avante, no Dez de Junho, em suma, num qualquer desses arraiais de gadeza vácua, infestantes desta terrinha mártir, onde o marasmo, o pasmo e o pleonasmo se entretecem, geminam e confundem.

4 comentários:

Anónimo disse...

Bons olhos o leiam
Carlos

Anónimo disse...

E se fosses pró caralho!?

Lagartozinho de merda

Anónimo disse...

Aqui chegado, logo pasmei com a sageza do comentário anterior. Fiquei com a curiosidade aguçada: serão os dragões saurios?
Quanto ao texto (afinal o que me trazia aqui),é mais uma bela peça de escrita. Contudo, está cheia de arcaísmos na forma: ele é cadência, com acento, ele é arquitecto, com cê antes do tê, eu sei lá... Tem que começar a treinar a escritinha fonética preconizada no Acordo Ortográfico, e despontuada a exemplo do luso-literário nobel-laureado, ou mesmo do muy famoso Antunes.
Vai nessa, cara.

Anónimo disse...

A fina ironia não está ao alcance dos lagartos. Muito menos dos seus acólitos.
Masturbam-se com essas tretas pseudo eruditas É só forma sem conteúdo. Retardados!