segunda-feira, abril 11, 2011

Tapete e catapulta

Não vejo onde resida o escândalo com mais esta migração do fulano Nobre. O tipo já cirandara no BE, flanara recentemente pelas orlas do geronto-PS, agora poisou no PSD. Incoerência? Contradição? Salta-poçismo? Ah, mas nem por sombras! Em tempo ou modo algum!... Pelo contrário, o homem escorre clarividência, constância e pertinácia por todos os poros. Presta até um real e solene serviço à oftalmologia das massas (vão, é certo, mas todavia meritório, digno de louvor). Ou não se constituísse, em pessoa, prova acabada e vivida de como, na verdade, entre a esquerda mascarada de esquerda e a esquerda mascarada de direita não existe, fora o papel e as fitas do embrulho, efectiva diferença na matéria. Há mais de dois mil anos que se sabe e se estabeleceu, sem margem para dúvida, que a definição duma coisa decorre da sua essência. Ora, nesta, o Nobre candidato, que não é chouriço nenhum, muito menos salsicha ou morcela, em nada transgride ou contende. Para ele é igual: trotinetar no BE, no PS, no PSD, ou até no PC ou no PP, vai dar ao mesmo. porque, na realidade, assim é. Quer dizer, é irrelevante. Tanto faz. Maior honestidade, será difícil.
Desonestos, vis, vigaristas e troca-tintas, real e refinadamente, são aqueles que armam tenda e escarcéu permanente, pretendendo fazer crer ao papalvo, ao touguinho e ao incauto que existe uma diferença do caraças entre a esquerda mascarada de esquerda e a esquerda mascarada de direita, que as eleições permitem um leque de escolhas ou alternativa fundamentais para o futuro desta terra lançada aos bichos e às bichas, que a democracia vai mais uma vez experimentar um dos seu cruciais frémitos orgásticos (donde decorrerá mais uma gravidez fantástica), ou que basta trocar a besta do Sócrates por outra cavalgadura qualquer para a carroça, finalmente, agora sim, aleluia, sob a tutela não sei de que fantasia lorpa, exógena e atesticulada, entrar nos eixos. Sim, digo, repito, sublinho e negrito: desonestos, escarépios, safardanas e velhacos são esses! Tartufos dos quatro costados! Traficantes da banha da cobra! Ciganos da contrafacção industrial!
O doutor Nobre? Ah, grande homem! Revelador peregrino! Demonstrador público! Bem haja, ó benemérita criatura! Passou do BE ao PSD, mas, ao menos, ainda fez paragem, pausa e transbordo pelo meio. Ainda gastou o seu tempo, de meses e anos, com a viagem. Não fez como outros, baluartes mais ou menos atoucinhados da matilha gaiteira, gurus encartados do caravançará dos trampolineiros que, numa única e singela noite, saltaram da Extrema-esquerda para o PSD ( e deste sabe Deus para onde), ou seja, deitaram-se ao crepúsculo na esquerda disfarçada de esquerda e acordaram pela manhã na esquerda mascarada de direita. Assim mesmo, mais que de jacto, de jecto. Querem agora snobar e menoscabar o Nobre, só por ter chegado de comboio, todos esses viajantes (e transumantes voláteis) do tapete e catapulta?

PS: Não preciso de citar nomes, pois não?...

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