quinta-feira, outubro 08, 2015

Estados do sítio

Li por aí que a Maçonaria estará a preparar um golpe de estado (institucional, entenda-se) contra a magistratura independente. É obra! Junta-se o vago ao estapafúrdio a cavalo no impraticável. Não quero armar em céptico e desmancha palpites, mas,  tudo somado, oscila algures  entre o anedótico e o delirante. Começemos pelo vago...
"Maçonaria" significa exactamente o quê? É que, maçonarias, na paróquia, existem pelo menos três: a regular, a irregular e a espanhola (vulgo opus dei). Convinha, portanto, ser um bocadinho mais específico. Depois, desfere um golpe de quê? Cá não existe Estado, nem  qualquer sentido, curadoria ou cultura do mesmo. O que abunda e transfede é uma usurpação, tripudiação e aproveitamento do "estado" para outros fins (sectários, particulares, coorporativos,  alógenos, escusos todos eles,  cavernícolas em suma), e a maçonaria irregular já domina, trafica e mercadeja a seu bel prazer em toda essa caverna do Ali Baba. Daí, aliás, o estapafúrdio repimpado: a maçonaria a dar um golpe nela própria.  E contra quem? A "magistratura independente"... Presumo tratar-se daquela agremiação inefável e parangélica que expele comunicados e provas de vida através do Correio da Manha. Nesse caso, o alerta deve ser duplo; e o alarme público redobrado. Não é apenas a "magistratura independente" que corre  perigo de morte: é também a imprensa livre e o jornalismo imaculado onde ela se alivia. E exercita.

PS: Em todo o caso, chamar golpe de estado a meras tricas entre lojas indicia (não direi manifesto desequilíbrio, por caridade) mas avultado exagero. O fenómeno está mais ao nível  do roubo por esticão. Ou do golpe do baú (que resume na íntegra o matrimónio entre a maçonaria e a república de aluguer).

2 comentários:

Anónimo disse...

Bonita argumentária.
Uma anedota inventa um texto e sobre o texto inventado começa a fazer comentários.
Bonito.
Um qualquer pedreiro não faria melhor

dragão disse...

Desde que não seja livre, o pedreiro, sempre vale mais que esbirro, chibo ou chulo.

Já a besta, se zurra, é porque lhe acertou a chibata.
Folgo muito.

E escondidinho, bem escondidinho, que o respeitinho também é bonito. E a cagufice crónica.