sábado, dezembro 24, 2016

Em nome da Administração, um Feliz Natal a todos.

sexta-feira, dezembro 23, 2016

Teorias da Distracção

 
 
 
Esta mania bizarra dos actuais turra-turras abandonarem os documentos nos locais do crime (ou imediações próximas) pode afigurar-se, ao transeunte incauto, como tara recente ou excentricidade típica destes novos facínoras globais. Coisa de árabes doidos ou islamongos varridos, enfim. Serei o último dos seres vivos a menosprezar a maluqueira fogosa destas cavalgaduras. Mas factos são factos. E, interpretações à parte, o facto é que não apenas este peregrino chacinador de Berlim, ou aqueloutro do Charlie Hebdo deixaram os tais documentos em local menos próprio. Também uns quantos dos doidivanas alados do 11 de Setembro conseguiram, mesmo após a sua auto-pulverização épica (senão mesmo vagamente BD), materializar os seus respectivos BIs/passaportes em perfeito estado de conservação junto ao formidável e fumegante monte de entulho. Do pré-socrático Empédocles, que se atirou no Etna por vertigem gnoseológica, cuspiu o vulcão, como indigesta, a sandália. Destes Ali Babacas alcagoitados, por emulação moderna, terá escarrado o holocausto apenas a documentação pessoal.
Só que o fenómeno alastra a zonas mais antigas e insuspeitas. Pasme-se: o assassino de Martin Luther King e o atentador de John F. Kennedy, ainda nos anos sessenta, almejaram idêntica proeza. A carteira de Lee Harvey Oswald, o kit completo de canalizador de James Earl Ray, com efeito, também apareceram, providencial e amavelmente, deixados em  nota de rodapé - ou rodapum, se quisermos entrar em rigores.
Por conseguinte, não se trata de bizarria nenhuma. Nem islamossincrasia de arribação, tão pouco. Mais parece um método, mais parece sistemático. Chato à brava, no mínimo. Um tipo vai para ler`, à maneira da boa tradição policial do ocidente, sempre à espera de algum suspense ou mistério (que o arguto do Connan Doyle ou a Gata Christie, tão bem nos habituaram), e pimba, é o anti-climax, a pífia engrenagem: o assassinato sinistro cedeu passo ao exibicionismo pachola. Quais assassinos!, emplastros em série!... A esbirraria, coitada, estúpida em qualquer parte do mundo, por natureza e função, ainda tenta, em desespero, meter os pés pelas mãos e fazer de conta que não vê toda aquela prova denunciante a céu aberto, com fotografia e tudo... Atrapalha-se e alucina-se quanto pode. Lança-se avidamente sobre as mais descabeladas pistas. Mas debalde. Envelhecem no tédio, os últimos e imaculados mordomos deste ex-mundo. Actualizando bem a propósito Shakespeare, no Rei Lear, já não são apenas cegos que guiam loucos: são jornalixas que conduzem magistrópodes. Pela arreata. À manjedoura.
 
O caso vem devidamente exposto aqui, com bonequinhos.

quinta-feira, dezembro 22, 2016

Hedge Ponzi





«Founded in 2003, Platinum has racked up profits that are the envy of the hedge fund industry. But its winning strategy of lending to troubled companies carries risks that many institutional investors would just as soon not take, according to a Reuters investigation earlier this year.
The soon-to-shut Value Arbitrage fund gained nearly 8 percent in 2016 through April, according to a private HSBC Alternative Investment Group report seen by Reuters. The fund produced average annual returns of more than 17 percent since inception in 2003 with no negative years.»

Traduzinho, praticavam a velha usura rapace da raça sobre os desgraçados em apuros. Isto, pelo menos, para efeitos decorativos da contabilidade e da inerente atracção de papalvos investidores. Porque, na realidade, a culinária era outra... (Como, se formos a espremer bem a coisa, são quase todas):

«According to a federal indictment, Platinum Partners founder Mark Nordlicht and four others faked the hedge fund's books for years to allow them to siphon off one billion dollars to their personal accounts, swindling 600 investors.  The prosecutors called it the biggest finance fraud since Bernie Madoff, and described the Platinum Partners' accounting as "Ponzi-esque."»
 
E agora a parte mais suculenta:
 
«Prior to the indictment, Platinum was considered to be one of the most successful funds in history, with an unbroken string of year-on-year rises, which many investors found suspicious. Platinum drew most of its investment capital from their social acquaintances in the orthodox Jewish community
 
Ou seja, estes Penca-boys , abençoadinhos, estavam a dar a golpada essencialmente nos pencudos lá da paróquia. Crime? Acto de liminar justiça, isso sim e se querem a minha opinião. Como o grande Madoff, de saudosa memória, já os projecto daqui como merecedores de estátua e comenda.
 
Lamentavelmente, parece que nem o mínimo dos mínimos alcançaram:
 


PS: Experimentem espreitar nos armários de todos estes Hedge Funds, ou seja, a clientela que comece a pedir o dinheiro de volta e em menos de nada descobrem o belo Ponzi coiso em que estão metidos. E, quanto a mim, não merecem outra coisa.

 
 

quarta-feira, dezembro 21, 2016

Que amável, da parte dele!...


Não vou tecer grandes comentários sobre mais este atentado aterrorizante das arábias. Apenas não posso deixar de destacar, entre sensibilizado e divertido, o detalhe comum a todos eles, aos tais atentados desatentos: a amabilidade dos terroristas para com as forças invariavelmente sonolentas, senão mesmo catatónicas, das autoridades... De facto, não apenas assinam o feito, os ogrescos meliantes, como até deixam os documentos para que se possa proceder, prontamente, ao reconhecimento da assassinatura.
 
Há muitos séculos atrás, Aristóteles, que não teve o desgosto de conhecer o jornalismo, já definia não obstante o percursor deste, a história, como inferior à literatura (no caso, a tragédia ática). Por uma razão muito simples, evidente e indiscutível: é que a literatura obedecia a critérios determinantes de verosimilhança. Podia não ser verdade (como no caso dos episódios míticos), mas, ao menos, era verosímil (cumpria uma lógica inatacável da necessidade intrínseca do enredo). Ora, a verosimilhança tem uma qualidade sobretodas estimável: confere sentido. A tragédia (ou a epopeia, ou um bom romance) é uma "história que faz sentido". O problema do jornalixismo que faz as vezes da própria História nos tempos que correm é que já nem se preocupa em fazer sentido. Faz apenas pouco do pagode. E faz de conta. A limite isto acabará por descambar em sarilhos muito grandes. Mas até lá o manicómio vai bem e recomenda-se... tirando essa minudência cabeluda de as teorias da conspiração oficiais serem apenas, e por regra, imensamente mais estúpidas e descabeladas (quer dizer, inverosímeis) que aquelas que suscitam, na tentativa sisifiana, de lhes recauchutarem algum nexo lógico causal.
 
Outro detalhe delicioso é testemunhar os papagaios do derrame da suinicultura oficial (todo ele a ressumar a mais fétida das conspiracinhas) a tentarem desclassificar  alguém que, por algum motivo, lhes contenda com o ranho on patrol,  como "teorista da conspiração". Ficamos logo elucidados acerca do gastrópode sem casca que nos calhou na rifa.

quinta-feira, dezembro 15, 2016

As não-tícias dos não-ticiários


As notícias sucedem-se em catadupa: às duas horas, os bombardeamentos russos acabam de exterminar vários bairros, com especial e encarniçada predileção por hospitais, infantários e grávidas avulsas. Duas horas depois, o exército sírio já tomou toda a Alepo, excepto uma bolsa heróica onde se acantonam várias centenas de milhar de mulheres, crianças, velhinhos e alguns rebeldes  desorientados. Em que é que ficamos? As bombas russas, afinal, exterminam ou multiplicam? A ONUla clama ao cessar-fogo imediato para que se poupem as vidas dos miraculados ressuscitados, sobretudo as grávidas reanimadas e as criancinhas traumatizadas apenas.
Mais ridículo ainda: na véspera, o dilúvio ininterrupto e criminoso de bombas soterrava populações a eito, sobretudo aquelas das bolsas de bravos resistentes (que o bafo merdiático, dos burrinhos e vaquinhas de plantão, convertia, por poção mágica, em autênticos meninos de presépio natalício). O merdiático e angélico coro carpia em luto por genocídios e hecatombes industriais. Contudo, um dia depois, eis que se avistam ainda formigueros humanos de coitados desvalidos, em lacrimosa retirada; mas antes disso, pasme-se, por pungente despedida, deitando fogo aos bens, mobílias, obras de arte e automóveis... Assim mesmo. A repolharem do entulho e da caliça, mas não apenas em pessoa: em pessoa com todos os seus adereços e haveres. Mas andam a atirar-lhes com quê, os tais russos: com adubos, fertilizantes e caramelos?
Estas bestas esguicha-notícias dão-se conta das diarreias inverosímeis e mal atamancadas que despejam, eles sim, em bombardeamento ininterrupto, sem dó nem piedade, sem talho nem feiçalho, sobre hordas de incerebrados e mentecaptizados militantes?
Sejamos nós justos e fidedignos: por estes infaustos dias, um jornalixeiro  está ao nível dum pedófilo. No mínimo era forçá-los, a todos, e a toque de caixa, a refazerem o curso de jornalismo. Mas desta vez as cadeiras, todas, lá da faculdade, era dar-lhe com elas, literalmente... pelos cornos abaixo.

sábado, dezembro 10, 2016

Fake bombing


A senhora em epígrafe, muito jeitosa por sinal, chegou a ser comentada como possível Secretária de Estado do governo Trump. O mesmo Trump que respondeu à CIA (a propósito da teoria da conspiração destes acerca dos russos a bedelharem nas eleições americórnias)  tal qual eu  -e  a generalidade do mundo não-lobotomizado - responderiamos: "Atenção, é a mesma gente que "fabricou" as Armas de Destruição Maciça no Iraque".

Por fim, a incontestável coerência das forças americórnias no Médio Oriente: assim como bombardeiam inadevertidamente o exército sírio, também bombardeiam inadvertidamente o exército iraquiano.  Já o ISIS ou a Al-Cagada são ficticiamente bombardeados. Podemos até improvisar um título para o fenómeno: "Fake bombing". Daí a necessidade de legislação urgente sobre a matéria. Que será liminarmente chumbada, pois claro. E bem  ao contrário do "Anti-semitism Awareness Act, imagine-se.


quarta-feira, dezembro 07, 2016

Globalização, não: globalheira!

Há dias atrás apercebi-me dum grande alarido mediático a propósito dos prejuízos que a contrafacção andava a causar à economia. Estimavam-se até milhares de postos de trabalho vitimados pelo hediondo fenómeno. Importava reforçar medidas de combate, ou seja, mais esbirros de patrulha e punição para os odiosos infractores e conspiradores recalcitrantes contra o paraíso terreal. 
Mas vejamos bem...
As grandes empresas (e, por arrasto, as grandes marcas) que deslocalizaram em massa a produção para as Chinas, coxichinas e indochinas em geral, essas queridas, não causaram desemprego, hecatombes sociais e toda a panóplia de cataclismos económicos associados? É evidente que sim. Causaram e causaram duma forma a que poderemos chamar de industrial, maciça, asselvajada. E com que intuito?. Com o intuito muito simples e prosaico de procederem à contrafacção delas mesmas. Ou seja, as grandes marcas largaram numa operação gigantesca de contrafacção industrial, legal e abençoada pelos pseudo-estados: passaram a vender porcarias feitas na China mascaradas com a marca dos outrora made in USA, made in germany, made in England, Italy, France, etc. É pura contrafacção em larga escala. Vão mais longe: criam sub-marcas, ou marcas satélites, de modo a saturarem e ocuparem todo o mercado, desde o high-end, ao médio e low. O resultado para o mercado tradicional e para os produtores e redes nacionais é devastador. No fim do dia, não foram apenas os antigos trabalhadores e serem despejados no limbo do desemprego: também os pequenos comerciantes, muitos deles em idade irrecuperável para a geringonça mercadalhoca, para lá despencam. Só que o instinto de sobrevivência e o espírito associado de desenrascanço, em muitos (e gloriosas) casos sobrepõe-se à depressão induzida: os inquilinos forçados do limbo revoltam-se e retaliam. De que modo? Duas simples palavras: mercado paralelo. Pois, se os outros podem explorar a contrafacção em larga escala porque não hão-de eles imitá-los em pequena? Olho por olho... E mais uma vez lá se reinicia a velha (e louvável) resistência do artesanato contra a indústria e, sobretudo, a impiedosa guerra da indústria contra o artesanato.
Assim, que significa genuinamente o alarido merdiático contra a pequena contrafacção? Nada mais do que o prolegómeno do subsidio estatal à contrafacção desmedida. Os contribuintes têm que ser mobilizados e persuadidos a pagarem a mais esbirros, a mais caga-leis e a mais batidas concertadas contra os tipos que teimam em espernear para fora do armário de esqueletos onde é suposto repousarem. Ad aeternum. A contrafacção industrial, aliás, tem nos mija-notícias um dos seus departamentos mais activos e frenéticos. A contrafacção das coisas vem sempre precedida da contrafacção das ideias. A Globalização nunca significou mais que simples globalheira. É por isso que, ao contrário do prodígio perpétuo a que se arrogava, não passa de cleptosquema transitório cujo flato mestre já se adivinha ao virar da esquina.

PS: Muitas vezes, as mesmas fábricas chinesas que abastecem as grandes marcas também abastecem os mercados informais. Em termos de qualidade ficamos conversados: ou é uma simples etiqueta que altera toda a essência do pacote? Depois, se os do mercado informal fogem aos impostos, os outros, através de esquemas pluridisciplinares, não apenas deles escapam a toda a velocidade: delapidam-nos por portas de subsidiação e facilitação diversa (só a protecção pública ao oligopólio custa-nos os olhos da cara).

segunda-feira, dezembro 05, 2016

Maré-moto

A maré, decididamente, está a mudar. Agora foi em Itália. Seguem-se a França e a Holanda. O centrão balofo, obeso e peganhento está a ser corrido a pontapé onde quer que se apresente a escrutínio. Afinal, parece que as notícias sobre a morte da História andavam claramente exageradas. 
Como já um certo filósofo tinha vaticinado: vale mais um mau sentido que sentido nenhum. Por isso, depois do absurdo e do nihilismo materialeiro em que toda esta Europoia descambou, tudo é preferivel  à burrocracia opressiva dos castrados manteúdos. E foi isso que os federastas e trampolineiros todos de plantão não perceberam. Que o horror ao vácuo prevalece sobre todos os outros horrores. A desconstrução europeia (que se mascarou e besuntou de United Slaves of Europe) vai bem encaminhada para o ralo da história que merece. Vêm lá dias tumultuosos? Pois, se calhar... Mas antes uma boa guerra que uma paz putrefacta.


segunda-feira, novembro 28, 2016

No País das Maravrilhas



Entretanto, vão sendo lançadas lebres. Cada qual a mais aliciesca. Nos United Slaves of America, quero eu dizer.
Parece que vão recontar  os votos. A seguir vão recontar os eleitores. Mais adiante vão recontar os estados (sólido, líquido, gasoso e vicioso). Por fim, vão recontar a história.
Doutra banda, vem a revelação de rabo na boca: afinal foram ácaros russos que cozinharam os resultados em favor do Donald.  É o próprio Snowden que o revela de fonte fidedisney.
Garantido está apenas o desenlace culminante: debalde a rainha de copas procurará cabeças para cortar. A imunidade é geral. Darwin foi às urtigas, mais o surripianço ao Lamarck: nestes tempo já não é a função que faz o órgão: é a disfunção que, sobremaneira, o erradica.*

* O que também não deixa de ser verdade, apenas certifica a primeira lei do Jean-Baptiste.


domingo, novembro 27, 2016

Do Polónio à falta de Arsénico

Lembram-se do caso Litvinenko?

Estávamos em 2006 e toda a suja tranquibérnia serviu para tentar alvejar o vil Vladimiro (nessa altura já a cair «na desgraça dos anglo-toinos).
Na altura acompanhei o circo e podeis recapitular aqui as peripécias:
1. Goldfather, Goldfinger ou Goldfá(r)bula?...
2.  Sushi's ready
3.  Um rasto desagradável

Vem isto a propósito dum novo desenvolvimento na novela. Neste último episódio, mais um dramático desenlace:
«Matthew Puncher, from Drayton, who discovered the amount of polonium found inside murdered Russian spy Alexander Litvinenko, was found dead in his home in May with wounds from two kitchen knives.»
A teoria oficial: suicidou-se. De que modo inventivo: crivando-se de facadas até à morte. Não tinha arsênico lá em casa e entrou em desespero alucinante. Faz lembrar aquele tipo em África, nos anos 80, que também se suicidou com dois tiros nas costas, São muito manhosos estes suicidas desenfreados.

quarta-feira, novembro 23, 2016

O 25 de Nevoembro (reposição do postal de 2012)









«O Thermidor de Novembro trouxe de volta os brandos costumes; a extrema-esquerda pagou algumas das contas; o PC ficou, mais discreto, mas onde estava; Ramalho eanes foi o Bonaparte de um Mário Soares girondino, que simbolizaria mais que ninguém, a transição e a III República; Cavaco Silva veio depois desta história (a que já não pertence), para arrumar as contas e os cantos à casa. E foi ficando até Janeiro de 1995...»

- Jaime Nogueira Pinto, "O Fim do Estado Novo e as Origens do 25 de Abril" (Prefácio à 2ª edição)

O PREC durou enquanto tinha que durar. E o 25 de Novembro aconteceu, tarde, mas quando tinha que acontecer. O PC, a troco da impunidade negociada pelo não obstaculizar os acontecimentos, pode retirar-se para uma plácida aposentação parlamentar. Afinal, a sua missão estava concluída. Desde 11 de Novembro que já não havia mais motivo para agitação, efervescência, nem tumultos. Pois;  fora declarada a independência de Angola.
Os "brandos costumes", como diz, e bem, Jaime Nogueira Pinto, regressaram de facto. A extrema-esquerda desmobilizou e aderiu à pastagem  nos partidos do "arco do poder". O PPD pôde largar o marxismo. O PS tratou de meter sossegadamente o socialismo na gaveta. E o intrépido  Eanes tratou de montar plantão a qualquer recaída, digamos assim, menos branda. Sá Carneiro e a espinha dorsal da AD foram pelos ares, curiosamente, no auge duma campanha em que apoiavam um candidato descentrado. Contra Eanes.
Chegou pois tarde demais, o 25 de Novembro, e terminou cedo demais. A ideia entre os "Comandos" não era exactamente assim tão branda.  Pouco tempo depois, Jaime Neves teve a recompensa pelo resgate nacinhal: a título de lhe imporem o curso de generais (subida honra que ele mandou enfiar num certo sítio ao então Garcia dos Santos, CEMGFA - e outra das figurinhas do brando presépio subsequente), foi afastado do comando do regimento perigoso e mandado para a prateleira, digo, reforma. O próprio Regimento de Comandos, antro suspeito e estacionário, foi também ele sendo vilipendiado e denegrido por toda a espécie de imprensa gaiteira, até à sua extinção nos anos 90.
E assim, todos, com a diluição europédica pelo meio, vivemos muito felizes e contentes até à bancarrota actual. A parede no fim do beco. Ou a luz do comboio ao fundo do túnel. É só escolher consoante a preferência for de índole mais estática ou dinâmica.

Ou pensavam que da árvore da traição frutificava o quê, cornucópias?  Bem, frutificar, até frutificam, mas não são para todos. É só para quem tem a agilidade e afoiteza de trepar.





PS: Dos Comandos, hoje e sempre, o que importa registar é que é a força militar mais condecorada em combate do exército português. E aquela que, em percentagem, mais sangue verteu em defesa da pátria. O resto é ruído. O regime que muito lhes deve sempre lhe pagou com a moeda dos traidores, dos ingratos e dos cobardes. A começar na própria corporação militar, passando pela classe pulhítica e terminando, com imundo destaque, na súcia jornalixeira e merdiática que sempre lhes devotou um ódio rasteiro, canino e ranhoso. Resquício dum tempo e duma grandeza que, para todos estes pigmeus morais, mentais e históricos, importa apagar e soterrar. Luso-avatar duma Esparta antiquíssima num tempo de decadência ateniense regurgitada e reciclada ad nausea.

terça-feira, novembro 22, 2016

Acrogamia e plutofacção



 Um artigo muito informativo sobre a ascensão académica do genro do Donald:

 É curioso que a Bruxa também tinha (e tem) um genro de idêntico quilate. O mito da endogamia judaica não passa disso mesmo, uma lenda. Na realidade, os tipos, como qualquer pato-bravo compulsivo que se preze, não casam é com pobretanas e pelintras. Pelo contrário, buscam (e praticam, sempre que a vítima se distrai) o endo-alpinismo (ou acrogamia, em termos eruditos) à força toda. Há ali como que um instinto parasita de insecto colectivo que se sobrepõe e determina a individualidade.  Terão os coitados sido incubados por alienígenas*? Às tantas, começo a achar que a teoria alucinada do Ildefonso Caguinchas até tem pernas para andar.


Por outro lado (na verdade, o mesmo), Harvard, como qualquer bordel de luxo, rege-se por uma "meritocracia" plutofacciente; ou seja, pagas, entras e f...azes; não pagas, não entras nem f...azes. Aliás, a metodologia está generalizada por esse mundo, com todos os seus filtros, destiladores e camuflagens. O nível actual das "elites ocidentais" atesta disso mesmo. E parece que a própria Igreja não escapou à epidemia.

*- Notem que quando digo "alienígenas" não me refiro necessariamente a seres dotados de inteligência ou planos conspirativos contra a nossa espécie. Pode ter sido, por exemplo, um insecto qualquer doutro planeta, turista involuntário por via meteórica, que picou e contagiou um qualquer ancestral abraamico. Daí, eventualmente, a  crónica e incurável antropofobia dos descendentes deste. 


domingo, novembro 20, 2016

Submarino ao fundo?

«Merkel admits Europe-US free trade deal is dead» 

Olha, que chatice!... Estou aqui lavado em lágrimas.  

Entretanto, atenção, papagaios de serviço! Alteração de meme: doravante, em vez de "conspiracy teoria", devem passar a gritar, estridentemente, "fake notícia".  A agência central já emitiu as novas directivas. E em relação aqui à casa, fica já o aviso: não serão mais aceites etiquetas e emplastros de arremesso com o "conspiraçãozinha da teoria" ultragasto. Actualizem-se na treta, sff. Continuarão a ser objecto da mesma incineração sumária, mas ao menos sempre ardem com aquele sentimento de upgrade cumprido (ou penso mudado, se quisermos entrar em detalhes íntimos).

quinta-feira, novembro 17, 2016

Fim de década alucinante

Uma projecção plausível do futuro, com o Trump das promessas, poderia antever uma III Guerra Mundial. Agora contra o IV Reich, e pelos mesmos Aliados principais. Estados Unidos, Reino Unido e Rússia dum lado, a Alemanha ocupadora da Europa do outro. Uma diferença deveras significativa, aliás duas, poderiam ser resumidas a:
1) O IV Reich é o herdeiro da União Soviética;
2) Não será preciso dar tiros. Os Aliados limitar-se-ão a uma forma (merecida) de geo-bullyng.

Já agora, importa acrescentar, que o III Reich, com todos os seus defeitos e frenesins, foi, não obstante, de uma bravura incontestável. Ao contrário do IV, que é de uma mariquice e parvoíce assustadoras. Deve ser um dos resultados da mestiçagem ideológica.

quarta-feira, novembro 16, 2016

Popelitismos e populismos

"Cuidado com a onda de populismo que vai fustigar a Europa!... Às armas, aos penicos, às video-câmaras!..."
Clama o cão, o gato e até o nosso Hipo-Costa. E profere isto, com ar solene, ao lado do primeiro Ministro espanhol, cacique do Partido Popular Espanhol, e membro da família política  dominante na União Europeia: o Partido Popular Europeu.

Ao mesmo trempo, o anão cabeçudo Rangel lança um alerta semelhante. Elenca mesmo os locais infectados: Bulgária, Húngria, Moldávia, republica Checa... todos contaminados de russofilias e putino-estipêndio. Anão, esse, que, recordo, é um dos vice-presidentes do tal Partido Popular Europeu.

Portanto, há um populismo que é bom, sofisticado, ultra-pasteurizado (um popelitismo, chamemos-lhe assim), e um populismo que é péssimo, imundo e odioso (odioso, porque atestado de ódios, sobretudo aquele que os "populistas" benignos e beneméritos com o dinheiro alheio -chamem-se eles socialistas, sociais-democratas ou democratas não sei quê, no que concerne, por exemplo, às questões da agenda globandalhista - lhe devotam e desferem a todas as horas e oportunidades).Quanto às diferenças, manifestas e comprovadas, entre ambos parece que se resumem a uma (todavia, capital): os populistas benignos, ou popelitistas, só exercem a demagogia em período eleitoral, como forma de sedução (uma vez eleitos, nada do que prometeram cumprem); Os populistas maus exercem a demagogia em período eleitoral (segundo os seus detractores) e, uma vez eleitos, executam grande parte do prometido. Ou seja, em bom rigor, os populistas maus são aqueles que, na verdade, não são populistas nem demagogos profissionais. A limite, e no pior dos casos, é o velho desprezo da indústria pelo artesanato, ou  do amor ao lucro pelo amor à arte.

Resta saber, e a ver vamos, que espécie de "populista" é, de facto, Donald Trump. Uma coisa é, desde já, certa: deixou-me curioso. 


terça-feira, novembro 15, 2016

Self-made-President

Entretanto, custa assim tanto a perceber (e a digerir) que algum dia a terra do self-made-man havia de gerar um self-made-president? Aproveitou a maré, surfou a oportunidade?... Mas não é aquela, por lenda e reputação, a land of opportunity (matriz do american dream)?
De tanto injectarem Escola de Chicago para a veia, lá como cá, na Europa, até se esqueceram do essencial: não é só a Terra que não pára quieta - os povos, mesmo soterrados sob toneladas ininterruptas de lixo e despejos (e também por isso), fermentam abalos.

domingo, novembro 13, 2016

Pública Retractação

Aposto que não sabiam, porque eu também não, mas existe a AEPGA - Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino. E não devem ser para brincadeiras. Por conseguinte, e na prudente antecipação de que me possam mover um processo judicial (com justíssima causa, reconheça-se) por difamação dos seus protegidos, ao ter  confundido um sabujo qualquer da blogosfera com um desses simpáticos e pacatos animais,  convoca-me o dever a esta pública retractação.

Assim, e porque acima de tudo dispenso problemas com o Correio da M..., digo, da Justiça, é meu dever  apresentar públicas e sinceras desculpas à insigne Associação, bem como a todos os seus eméritos e admiráveis protegidos, e jurar, sob palavra de honra, que não foi meu intuito, consciente  ou sequer velado, em modo ou tempo algum, menoscabar, envergonhar ou infamar  tão digna e ilustre agremiação. Um burro, além de asno, jerico e jeremias, pode até ser analfabeto e infonabo, mas não é necessariamente um mentecapto estúpido e analfabruto, com uma elevação moral ao nível dos saguins amestrados da Tristeza Guilherme e o sentido estético duma pescadinha de rabo na boca.

P'la Administração,

César Augusto Dragão

É só rir - III



Purple revolution, sob patrocínio do canibal Soros, pelas cidades americanas? Requentamento escantado dos sixties em modo pokemon? Nada que não se aguardasse. Mas entretanto um breve relance ao núcleo duro das tropas de choque do antropófago global:


«Trump wins: coloring-book and Play-Doh therapy for college kids.Wall Street Journal:

“Colleges try to comfort students upset by Trump victory…despair over Clinton’s loss prompts ‘cry-in’ at Cornell; Play-Doh for the distraught…Dozens of students at Cornell University gathered on a major campus thoroughfare for a ‘cry-in’ to mourn the results of the 2016 election Wednesday, with school staff providing tissues and hot chocolate.

”I can hear some low-level staffer at Cornell saying, “Let’s get out there, Millie. These kids are crying. They need tissues!

”PJ Media: “…the University of Kansas reminded students via social media of the therapy dogs available for comfort every other Wednesday…’People are frustrated, people are just really sad and shocked,’ said Trey Boynton, the director of multi-ethnic student affairs at the University of Michigan…There was a steady flow of students entering Ms. Boynton’s office Wednesday. They spent the day sprawled around the center, playing with Play-Doh and coloring in coloring books, as they sought comfort and distraction.

”Tufts, Cornell, the University of Michigan—schools for high-performing students. Or they were. I don’t know what they are now. Daycare centers for toddlers? Obviously, regression to an earlier stage of development is a mind-control op favored by these institutions. Maybe a Michigan alumnus with deep pockets could lay out some serious cash to build a giant dome shaped like a womb, where the kids could gather and curl up during cloudy days.

“You went to the U of Michigan? Great football school.”

“I wouldn’t know. I was in utero for four years.

”Perhaps this is a clue: “…a national survey by the American Institutes for Research (AIR)” has discovered that “[t]wenty percent of U.S. college students completing four-year degrees—and 30 percent of students earning two-year degrees…are unable to estimate if their car has enough gasoline to get to the next gas station or calculate the total cost of ordering office supplies…[or] compare ticket prices or calculate the cost of a sandwich and a salad from a menu.

”How do these geniuses graduate?

“Hold up ten fingers. Very good. Here’s your diploma.”

“What do I do now?”“Pay back your student loan.”

“I can’t tell how much I owe.”“Don’t worry. That’s probably a good thing.

”Arrested intellectual development goes hand in hand with arrested emotional development.

Agora confrontem isto com os depoimentos dos jovens entelejornalados, alardeando pirraças ruidosas, pelas ruas americanas, por causa da vitória de Trump. Na mosca, não é?  Aquilo de queimarem caixotes e partirem coisas, desenganem-se, não é violência: é mesmo acesso colérico de fedelhos mimados. Com um exército de enfraldados destes, o Soros não vai longe. Não tarda estão a pedir chupeta e colinho. Aliás, parece que é o medo de os perderem, à chupeta e ao colinho, que os transtorna e transporta ao anedótico e grotesco basqueiro.
Enfim, em curso, se tanto, toda uma  Dodot revolution contra o Trump mau.

quinta-feira, novembro 10, 2016

É só rir - II

Entretanto, os comentadeiros descobriram entidades inefáveis e até aqui apenas imaginadas por teóricos da conspiração e outros lunáticos ambulantes: o défice e a dívida americanos. A propósito do projecto (keynesiano, já ouvi murmurar) de recuperação das infraestruturas estado unidenses (neste momento, consabidamente ao nível do terceiro mundo em demasiados casos). Onde irá ele buscar o dinheiro para esses delírios?, escamam-se e coçam-se fustigados por descabelantes pruridos. Bem, basta gastar menos em bombas, porta-aviões e piqueniques selvagens por esse mundo fora (de resultados mais do que duvidosos, hoje deu-me para o eufemismo), não é?. Ou seja, em vez de gastar dinheiro a destruir infraestruturas a esmo por esse planeta a eito, despende a construir infraestruturas intramuros. Não obstante, os mesmos que se alucinam com as despesas de reconstrução interna, imaginando descalabros inauditos sobre o défice e a dívida, acham absolutamente inofensivos para os mesmos toda a estúpida, improfícua e anedótica mega-despesa militar . Aliás, até hoje, ai do herético que ousasse sequer uma associação entre os dois fenómenos!...  Trump teve a maioria do voto feminino (as neo-esquerdas e fracturadas em geral atribuem o repugnate fenómeno ao "quanto mais me bates, mais gosto de ti"). Uma Europa e uma pseudo-comunidade internacional a chorar pelo cacete e bombardeiro americano é o mesmo fenómeno, mas à escala global. "Ah, desgraçadas de nós, não nos bombardeia, já não nos ama!..." Aquilo que acha repugnante entre indivíduos, esta malta toda puggessista considera excelente e indispensável entre povos e nações. A submissão feminina é um nojo, mas já a submissão e efeminação colectiva é um mimo.
Vingam-se com uma terceira teoria malsã: Não, ele quer reconstruir porque é o negócio dele. E eis que o vituperam e menoscabam por não ter sido general do Golfo ou do Iraque. Ou ainda, em modo mais vasto, os mesmo que o acusavam ululantemente de tudo e um par de botas, agora atestam-no a renegar todas as promessas e a marimbar-se no eleitorado - o tal eleitorado "fascista", "branco racista", "redneck", "conservador" e o diabo a sete que o elegeu, note-se o paradoxo. Em resumo, não elegeram a Bruxa, mas ei-los que tratam de converter ad-hoc o Donald ao sabath. Se o candidato deles não vence, não há problema: ocupam (ou confiscam) o alheio.

Por causa da conice, o sapo afinal é um chibo



«Vai ser um fartote para a indigência local se vier a saber da promessa», diz um dos grandes lidéres da mesma, sobretudo mental, no exercício já da própria profecia como manda ao bom maluco. E depois eu é que sou analfabruto e iletracíaco.
Mas toma e embrulha, ó Labaredas, que é para não armares ao prodigalo! Afinal o sapo ainda não chega a boi, mas já vai em chibo. Agora paga e não bufes, até porque para bufar tem o Cocas o exclusivo.
Pena apenas que a jantarada esteja, á partida, blindada com números casulos. Mas podemos sempre abrir um convite honório casca para um mongo tresmalhado (extra-Dragoscópio, ou Porca da Loja, por patrocínio indigencial) que se destaque por engenho e tarte. De que modo? Cumpre-me a mim estripular, investigado de certas plenipotências que estou, por minha alta recreação. Então é assim, anotem bem sff:
As vítimas, digo, os otários que embarquem na publicidade enganosa do batráquio lambeta, postam-se, ao fim da tarde, e hora de pontas (com capacete vicking, por via de segurança pedoviária) em Sete Rios, e fazem uma corrida com um Ferrari até ao Gambrinus (podem usar gps, brúxula, mapa, chocalho e pastor; ou parelha guia, como os para-olimpiados, nos casos mais ceguetas ou aleijadinhos de pista). Corrijo: como são muito burros, competem antes contra a Bota R4 do Armindo Taberneiro. Aqueles (se algum, o que duvido muito) que vençam o bólide (já me esquecia, podem até usar skate, trotinete e patins em linda, hoje estou um mãos-largas), ficam habilitados à prova final de selecção do feliz contemplado. Esta dita cuja prova consiste em zurrarem freneticamente até à exaustão.  O que aguentar mais tempo na asnofonia, ganha. Se entretanto o restaurante já estiver  fechado, o jantar consumado e o ano lectivo transposto, não lacrimijem: recebem de compensação um cupão do Continente (que patrocina o piquenicão onde poderá reclamar forragem). E agradeçam de ser eu a tratar disto, que até empatizo com ralés e chungas. Porque o Outro, quando lhe contei da gadeza entretanto aqui despejada só laconizou: "PQP, Caguinchas! Pó esbirro melindroso já dei. Quanto aos borrablogues de arribação, é simples: no buraco que os despeja que vão  tomar  merenda!  O preceito é sagrado: Devem cevar a tripa de baixo onde cevam a de cima!»

Uma besta intratável, é o que ele é. Se isto são modos de tratar com deficientes.

PS: Ah, falta acredicionar um pormenor pormaior: é que devem comparecer na meta de partida, os candidaptos, munidos com uma folha do Código Civil em posição de guardanapo. Folhas repetidas serão motivo de eliminação sumárica. Perda do guardanapo durante o trote também desqualifica. Se pastarem a folha durante o percurso será objecto de análise. Boa sorte!



quarta-feira, novembro 09, 2016

É só rir - I

Antigamente, a esquerda gritava a plenos pulmões: "Americanos, go home!"
Agora, quando surge um presidente americano que apregoa "let's stay home", a neo-esquerda guincha, ofendida e escandalizada: "fascista! Xenófobo! racista! Machista! Ameaça planetária!..."

Anti-meteorismos históricos



São raras, mas, em contrapartida, gigantescas, as alegrias dum pessimista. Nunca acreditei que a Bruxa perdesse. Não pela bruxa, mas por tudo aquilo que estava por detrás da bruxa.  Mas o inusitado milagre aconteceu. Portanto, resta-me dizer (aos leitores): tenho um jantar em dívida;  e (aos eleitores)...

América, o Dragão tira-te o chapéu!...

Isto, naturalmente, vale para o dia de hoje, que já não foi coisa pouca.. Porque o amanhã veremos. Se varrer os neoconas já valeu a pena.

PS: Toda esta cegada inextricável, em forma de monturo fétido, que vai dos neoconas à esquerda fracturada, passando por todo o bicho-careto a armar ao centrão respeitável, está muito despeitada e chateadinha. Ainda bem! A histeria de toda esta elitose vácua, hipócrita e delicogrossa soa a música para os meus ouvidos.

PSS: Tal qual como, aquando do Brexit, a vitória da opção desglobalizante (chamemos-lhe assim) era votada ao armagedão imediato, à catástrofe garantida e ao anátema dos mercados, também a eleição de Trump merecia os mais horripilantes e estarrecedores vaticínios. Aliás, com Trump ainda era pior. Junto com o anátema, levava ainda com o suplício na gehena (não confundir com a prima do outro). Pois bem, podemos desde já antever a cena:

Na Casa Branca...

Um secretário qualquer - Sr. Presidente, the Markets is here! The one who was barking outside!...

Presidente Trump - Ah, muito bem. Aqui, Mercados, aqui!... Senta!... dá a pata!... Deita...rebola...faz de morto!... Nice dog! (atira uma bola de ténis para o corredor) Go fetch, Markets, go fetch!...
 
Markets - Béu-béu!...( E corre atrás da bola, abanando a cauda.)

terça-feira, novembro 08, 2016

Magrepha, ou Entre a chiadeira e o azeite

 «In the language of the Mishna (Tamid 5, 6) "the sound made by the magrepha falling was so deafening at that moment that in the entire city of Jerusalem, no one could hear his friend speaking!"»
 
«In the days of the Jewish Temple, there was a Magrepha, a wind instrument able to produce diverse and frightening sounds. There is no agreement among the scholars about what sort of thing it was. Whenever it sounded, people were scared.
The media of our days is a new Magrepha. If all of its outputs are united, they produce a terrible roar.
Yes, the onslaught of the media upon Trump had been exceedingly unfair, but he survived it. What is even more important, you survived it. It does not matter what the polls say: they say what the newspapers tell them to say...»

Ontem (e anteontem e antes de anteontem...), de raspão, enquanto rilhava o jantar, apercebi-me que até a nossa porcaria de RTP fazia propaganda ranhosa e descarada à Bruxa Clinton. Há uma globalização que vai seguramente de vento em popa (a única, aliás): a da treta. Não espanta que abortos orelhudos  como o javardolas do Rodrigues dos Diabos se perpetuem inamovíveis ao cockpit dos megafones. Remover tamanho escarépio ruidoso não há administração da empresa que se aventure, nem, tão pouco, (des)governo da nacinha que se atreva. Chega a ser anedótico e grotesco como até os actuais esquerdóides, sempre tão aptos a purgas e saneamentos, aturam o homúnculo. De tão inchado, o furúnculo escrofuloso, um dia destes ainda rebenta! Certos assets são assim: inefáveis.
Mudando de teor na matéria. Ainda há pouco falei dele a propósito do Dylan nobélico... E de facto era Zappa que defendia que, para as eleições americanas, todo o mundo devia votar, pois o resultado delas ia afectar todo o mundo.  Todavia, dado o estado actual da arte, pelo menos no chamado "mundo ocidental", ainda bem que não votam. A bruxa ganharia de abada. O ponto de rataria amestrada ao som das flautas do Merdelim-Pim-Pim a que isto chegou dá vontade de emigrar para outro planeta. Dizer que os jornalixas fazem o escrutínio do que quer que seja é merecedor, no mínimo, dum pano encharcado pelas ventas. Fazem fretes, punhetas e felatios, em série, em coro, em catadupa, e mal feitos!  Informar, nunca informaram: deformam por princípio, missão e tara hereditária. Mas agora já nem noticiam: lubrificam-se. Vivem para o auto-besuntanço, em prol não sei de que mimo à tripa soberana e ao ego desenfreado. 
Ainda a propósito, o mesmo Francis  Vincent Zappa definia as revistas de música pop como "tipos que não sabem escrever, a escrever para tipos que não sabem ler, sobre tipos que não sabem tocar". Caramba, não só é uma verdade de quase meio século como, actualmente, é extensível a generalidade dos merdia, dos escrevinhadeiros aos leitouros. Podemos falar até, para quem passe a vida e ingurgitar mass-media, de uma refinada forma de castração mental e esterilização espiritual. Andam por aí, em regime de ostentação ambulatória, múltiplos casos  -cada vez mais gritantes estridentes - disso mesmo.


PS: Ouve lá, Ó Ildefonso, agora censuras-me os comentários?!... E mandaste para a quarentena o meu postal anterior, seu badameco polidor de esquinas?!!...Flibusteiro de taberna!

domingo, novembro 06, 2016

Nova Administratura



A malta reconhece logo uma boa administratura quando a vê. È que até a farejam à distãncia. Bastou eu ter sido investigado no cargo e é só vê-los felizes e contentes da vida. A transpirrar cunfiança e satisfacção, que é um regalo!. Antigamente, no tempo do ditador marau  (o jorra-lumes déscota), queixavam-se amargosamente da censura , da repressão, da bengala impiedosa. Um pírulas qualquer, gastrótinete de folhas de couve,  até berrava a sono solto que o tinham insultado (mas, depois de meses de birra repenicada, afinal, não tinha sido nada, vá-se lá perceber estas alimérdias...)... E até a Zazinha, coitada, tadinha da miúda, que dantes aqui vinha treinar o babete no tapete de entrada, se espavorinhara para parte inperta.  Enfim, era a todas as horas, dias e minutinhos... uma Síria que só visto! Uma putinada daquelas!... Mas agora que um proficcional sérgio e compatente abraçalhou o leme, heis-los que até já rosgam e salpicam que os censurem, que os empurrem, os calducem, e até, Eusébio seja lavado,   que lhes apaguemos os comentários com a maior das urgências e caridades. Uma leitora em eistãnze até   reclama para que convertamos o tasco em partido político, com o Labaredas-Mor alçado a mandarim da piolheira e, de brinde, pastor- inducador do povo órfanho (e internado na Casota Pia, tadinho, a fazer fretes à estranjeirada, já se vê, por mor duns ténis novos ou umas lambiscadelas de coquetel)... Havia de ser bonito, miguinhos!... Num ápice, e em menos tempo que o primo ronhoso dele esfrega um farol, havia de meter-se a rei. Rei-Urbu à Rua do Sol? Pior, muito pior. O Hitler havia de parecer boa pessoa, mangas calmo e cordato... o Estálinque, uma jóia de homem... e o Salazar das botas, esse opressor das beiras, um perigoso comunista!... Arrecuarias séculos no filme, ó esgraçadinhos, ao tempo do tantaravô dele, aquele Vladimiro que operou ali para as bandas da Transilvanagem!... Era o empalitamento geral, vão por mim.. A  eito e a preceito. Pulhíticos, jornalinxas, magistrópodes, lateirões bivaldos, benfiquistas em geral (e eu era logo o primeiro), marteleiros e mixordeiros unidos, acreditem, despegava tudo de estaca. Não iam haver eucaliptos que chegassem. Em Lisboa, então, mais valia pedirem o Terramoto de 1755 outra vez.. Saía-vos mais em conta. 
Ele já vos falou daquele plano tenumbroso dele para uma Feira Popular no Alentejo?... As almas angélhicas julgam que ele está a rénar, na paródia, a contar piada. Abram os lupantes, alminhas: nunca o gajo falou mais a sério. Se aquilo não é o sonho da vida dele, eu não me chame Ildefonso Caguinchas e o abono de família se me encarquilhe aqui já todo! (cruzes, credo, o diabo seja surdo!)

PS: Uff!, não se me encarquilhou!... Vêem, falo a pura das verdades. Venci o ordálho. (Ou ordágo, ordalécio, ou lá o que o filho da puta se chama!... E faço estesta ressalda, só para o conices do "Rajá patorra" não me vir com merdas.)


terça-feira, novembro 01, 2016

Virá o tempo em que Clintoncracia = Cleptocracia?





É impressão minha, ou o caldo ameaça mesmo entornar-se?

Trecho retirado daqui, (mas recomendo a leitura integral):
«The Wall Street Journal today added to its so far excellent reporting on the Clinton issues by revealing the much bigger story behind it: FBI in Internal Feud Over Hillary Clinton Probe - Laptop may contain thousands of messages sent to or from Mrs. Clinton’s private server (open copy here).
According to the reporting, based on FBI sources, FBI agents in New York and elsewhere have been looking into the Clinton Foundation for several months. They suspect that this "charity" was selling political favors by then Secretary of State Clinton in exchange for donations that personally benefited the Clinton family.»

Tráfico de influências? Mais parece tráfego. E em hora de ponta.

Entretanto, que fique solenemente declarado: se, por algum inusitado milagre do Destino, a bruxa Killary perder, pago um jantar no Gambrinus aos leitores  deste blogue. Foram disparatadamente sobrestimados, aqui há tempos, pelo Horta Nobre em cerca de 250/300, mas, em bom rigor, tirados os penetras, peregrinos e descarrilados do Google, rondarão a dúzia. E para uma dúzia ou, vá lá, se tanto, duas, ainda chegam os cabedais.

PS: O Putin perguntava na semana passada, (longe de retoricamente, e com imensa piada) se os States eram uma Banana Republic.

PSS: O Horta Nobre também está abrangido. Claro está, desde que compareça de terço ao pescoço. Caso contrário, fica à porta a arrumar os carros dos restantes.  Não há terço, não há marisco .

segunda-feira, outubro 31, 2016

A Pila Sofia



Decidi baptizar a minha pila com o nome de Sofia. Assim o Jorra-labaredas não se fica a rir e pára de armar ao mijateses! Ele tem a filosofia, eu tenho a pila Sofia. As leitoras que decidam quem é o campeão. Pronto, já está. Queriéis uma notícia importante, aqui a tendes!....


Nota importante: por pila signisplico o membro ajudante em estado de repouso (ou seja, durante algumas partes da noite em que não sonho, a chicologia explica). Porque no estado normal, ou dilatado, o marzápio continua a chamar-se "ariete augusto". Só para que não armem confusões!...

Nota quase tão importante: Segundo ouvi dizer ao tenente, já Aritóstamos definia a "pila Sofia como filha do ócio". Lá está,  é só quando não tem nada que f...azer, que a pila pode ser chamada de Sofia. Mas explicar isto a totós e a totoinos pouco dados a certas subtilérias é fodido!... (e desconfio que inútil!)

domingo, outubro 30, 2016

Prostitutas e religiosas


Recentemente, parece ter vindo à tona aquilo que já toda a gente sabia e estava cansada de saber: que a blogosfera anda inundada de pânditas e pandilhas mais ou menos pagos. É igualmente consabido da azáfama sabujeira dos tempos do consulado pinoquial. Pertence já ao domínio da lenda a saga do "Câmara corporativa". Em bom tempo, e quando  Pinóquio I, o Animal Feroz,  estarrecia a concorrência, bengalei com gosto esterqueiras puxa-saco como a do Gourmet da Porcalhota e congéneres (o "Avô cantigas", a "Turbo-sopeira", etc). Sei que é uma instituição nacinhal, a sabujice, mai-la prima velhaqueira (com elas ambas se constroem curriculos e carreiras), mas, ou porque nunca fiz grande caso disso, ou por causa dum feitio independente incorrigível, ou por um cúmulo dos dois, sempre votei tais fenomenologias a um profundo desprezo. É só cheirar-me a sabujice ou velhacura e eis-me de lança-chamas em riste e asinhas prontas para me pôr a milhas. Se a coisa é detectada num suposto amigo, então, longe de constituir atenuante, bem pelo contrário: é agravante das tesas! Da imundície a única coisa que quero é distância.
Entretanto, o Pinóquio I sucumbiu às trafulhices imarcescíveis em que perpetuamente retouça e veio  Pinóquio II, o Castigador de Massamá, mais o seu grão-vizir drunfado (depois substituído pela bácora Lulu).
Acabou a sabujeira online com que se festejava o Pinócrates? Uma nova virtude prevaleceu e removeu o mau cheiro? Qual quê!, apenas trocaram de bancas na peixaria: os que vituperavam o Pinóquio I transformaram-se em estrénuos sabujos do Pinóquio II; os que lambuzavam aquele deram imediatamente em apupadores deste. Muda, portanto, a banca; mas o regime mantém-se. Varia o pretexto, mas o fenómeno não se altera: a devoção à sabujice toda poderosa. Tudo bem espremido resulta em qualquer coisa como isto: tal qual os mandarins eleitos da treta servem o partido e não servem nem Portugal nem o povo, também os sacristas adesivos do cuspo servem a sabujice bem mais que esta ou aquela figura, este ou aquele cromo. Os mandarinetes servem-se do povo para regalo privado da sua digestão, os lambe-mandarinetes servem-se destes para altar da sua abjecção devota.
É irrelevante o que o mandarinete faça. Pode fazer hoje uma coisa e amanhã o seu contrário; dizer agora x ou daqui a bocado a sua negação completa. Para o sabujo de plantão nada disso importa: o que interessa é a oportunidade que isso concede, excita e desencadeia para mais um mergulho, precedido de pirueta, mortal e parafuso, na piscina da capachice. E ei-lo a segregar e a bolçar ruído contra a vermerreia rival, com quem partilha o mesmo recinto de festividades e contra-festejos. Visto de fora e de cima, o repugnante espectáculo lembra um balde de minhocas ou lesmas em fervilhante contorcionismo.
É uma fatalidade da democracia? Deixemo-nos de abstracções! É um desporto nacinhal. Que merecia já, no mínimo, lugar e representação destacada nos para-olímpicos!

PS: Todavia há nisto tudo um pequeníssimo bónus (lá está, não há males absolutos entre os insectos): o caricato e o anedótico com que se coroa a feira de abortos. Assim, é de ir às lágrimas assistir a uma Helena Matos, por exemplo, a invectivar com sobranceria um Miguel Abrantes!... Porque, ao que parece, o outro cobrava os serviços e ela é toda pro bono!... (gargalhadas!...)... ou seja, o outro foi puta cara e ela não passa duma galdéria que apenas  fornica ao desbarato e à descrição.... No que apenas se nos depara mais um episódio do "mundo às avessas": os ditos de esquerda a idolatrarem o vil metal e os supostos de direita a prostituirem-se por pulcro amor à causa (mas como é "gratuito", o serviço, não é prostituição: é, quiçá, religião (?)...). Se bem que no caso, justiça lhe seja feita, até constitui um gesto de louvável coerância - afinal, ao consagrar-se ao trabalho gratuito (vamos fazer de conta que somos muito ingénuos), a ex-comuna e neoliberal Leninha, apenas está a dar o exemplo às massas. Trabalhar por dinheiro é prós socialistas!.... Aquele novo presidente da Caixa, então, é o nec-plus ultra do socio-comunismo em acção.
Já para os novos revolucionários e arautos do novo e admirável amanhã que trina o trabalho vai ser ilegalizado: acabará  tudo a vergar a mola por paixão. Até o dinheiro se vai tornar desnecessário. Tanto mais porque não consta que as formigas precisem dele e olha só a perfeição em que vivem!...

Mas, lá está, acima da política está a ética, e acima da ideologia o carácter: da mesma forma que ataquei a criatura quando ela era poderosa e perigosa, prescindo de lhe bater quando a vejo prostrada na lama. Acima das leis humanas e efémeras vigoram as lei divinas e eternas. A impiedade é o pior dos pecados contra estas. Como diz o célebre coro duma das grandes obras da humanidade: «Quando ele respeita as leis da pátria e dos númenes, engrandece a cidade; mas torna-se a sua ruína quando a soberba o empurra para o mal. Não esteja a meu lado, não fale mais comigo quem actua de tal forma.». 
Para bom entendedor, meia palavra bastaria. Mas para o mau, todo o dicionário não será nunca bastante. Até porque para esse não existe a palavra: existe o cacete. Do Destino, seguramente.


quinta-feira, outubro 27, 2016

Completamente de acordo


PS: Espero que a alusão à Cristandade não transporte o azougado Horta Nobre aos costumeiros acessos fóbicos. E sobretudo rábicos. Até porque agora, com todo o aparato de censura montado, não respondo pela integridade física dos depoimentos. Além de besta altamente intolerante, sou, em estando para aí inclinado, muito dado à violência. Não necessariamente fascista. Muito menos cristã. Mas, seguramente, justa.

quarta-feira, outubro 26, 2016

Déjà vu...Doo (r)

Mas entretanto, quase cinquenta anos antes....

«Oh, Thérèse, é isso um crime? Pode dar-se este nome ao que serve a Natureza? Tem o homem poder para cometer crimes? E quando, preferindo a sua felicidade à dos outros, destrói tudo o que encontra à sua passagem, acaso fez outra coisa senão servir a Natureza, cujas primeiras e mais seguras inspirações o aconselham a ser feliz, não importa à custa de quem? O sistema do amor pelo próximo é uma quimera que devemos ao cristianismo e não à Natureza (...) Mas o filósofo não admite essas relações gigantescas: não considerando nada no Universo para além de si mesmo, não vendo mais nada, relaciona tudo com a sua pessoa. Se trata bem ou acaricia por instantes os demais, fá-lo sempre em função do proveito que julga poder extrair disso; quando já não necessita deles, domina pela sua força, renuncia então e para sempre a todos esses formosos sistemas de humanidade e de beneficiência aos quais só se submete por política. Não teme dominar tudo, fazer seu tudo o que o rodeia, e sem se preocupar com o que possam custar aos demais os seus prazeres satisfá-los sem reflexão e sem remorso.
- Mas esse homem de que fala é um monstro!
- O homem de que falo é o homem da Natureza!
(...)
Lobos que devoram cordeiros, cordeiros devorados por lobos, o forte que sacrifica o fraco, o fraco vítima do forte, eis aqui a Natureza e estes são os seus desígnios e os seus planos; uma acção e uma reacção perpétuas, uma infinidade de vícios e de virtudes, um perfeito equilíbrio, numa palavra, que resulta da igualdade do bem e do mal sobre a Terra, equilíbrio essencial para a manutenção dos astros e da vegetação e sem o qual tudo seria destruído num instante.»*




Se é certo que Darwin recolheu alguns subsídios de Lamarck, não é menos evidente que quase meio século antes dele, outro francês pensou um mundo exclusivamente material, império puro duma "lei da Natureza", habitat dum homem ferozmente egoísta, enxuto de quaisquer deuses, tabus, sagrados ou superstições metafísicas, mera máquina corporal e desejante. Pensou e expô-lo com minúcia, nos seus retorcidos meandros e consequências, ao longo de páginas onde a magistralidade do estilo só é equiparável, não raras vezes, ao sinistro e arrepiante do conteúdo. E tanto mais arrepiante quanto mais profético, sabemo-lo hoje, testemunhas inquietas ou ufanas que somos duma "moral" cada vez mais próxima dos seus romances. Estou a falar de Donatien Alphonse François, Marquês de Sade.
Por uma daquelas estranhas e misteriosas coincidências em que o mundo é pródigo, a vertiginosa descrição sadeana antecipa que nem uma luva o enredo Darwinista. Sobretudo nas suas derivações e sublimados lógicos. A única diferença é que, ao pé de Sade, Darwin faz figura daquilo que é: um labroste inglês. A quem, por uma clara ironia do destino, os mais insignes franceses do seu tempo desprezaram justamente. Lá bem no fundo, intuíam que tudo aquilo pouco mais era que pobre, involuntário e remendado plágio.

* -Sade, "Justine, ou os Infortúnios da Virtude"


PS: Pareceu-me muito apropriado repor este postal de Abril de 2008, aqui no batel. Afinal, passados oito anos, tudo o que nele vem vertido está ainda mais actual e vicejante.  Serve também para cobrir a minha falta de tempo para novas labaredas. Acontece que não sou funchionário público pelo que não disponho das ociosidades a expensas do contribuinte que toda a espécie de despejos (sobretudo contra o Estado excessivo  - mas claro que excedentários são sempre os outros, especialmente os da seita rival, num Sartrismo de alguidar que só visto...)  subsidiam e permitem.Também, importa dizer, tive o cuidado de mandar apagar os comentários. É que havia neles pessoas entretanto convertidas à lógica S&M (vulgo "pseudo-religião capitalista" - que pouco ou nada tem a ver com o capitalismo enquanto fenómeno estritamente mercantil). Um dia, se estiver para aí virado, explico. Aliás, é garantido que explicarei. Com juros e tudo.

quinta-feira, outubro 20, 2016

Porno-Hallowe'en em pré-holocausto zombi


«Madonna oferece sexo oral em troca de votos em Hillary»


É a democracia do leite e do mel a funcionar... no seu melhor. Contra o populista Trump - eruditos, eliteiros de ponta e gente seríssima, marchar, marchar!...
Fica a memória para a posteridade: a irmandade das bruxas em campanha! Uma a prometer fellatios ao povo, outra a prometer fellatio e anillingus ininterruptus à Wall Street, e ambas, na qualidade de marionetes frenéticas, manipuladas pelo mesmo "fist fu...nding". Dum certo estado pequenino e rinoceronte.

Porno-hallowe'wn em pré-holocausto zombi, acreditem, soa assim a um prato gebo-gourmet numa espécie de geoculinária política.

quarta-feira, outubro 19, 2016

Levem o carro , que já podem!

Não sou fumador, mas todo este fundamentalismo anti-tabágico infestante até me dá uma grande vontade de começar a ser. E andar por aí a fumegar ostensivamente  em sítios proibidos. A merda dos carros, motas e outras porcarias que tais podem fumegar e poluir à vontade: na porta das escolas (meu Deus, como formiguejam e se acotovelam por lá), às portas das farmácias  e hospitais. idem, aspas,  e só não vão neles aos berçários remirar os recém-nascidos porque os corredores e portas estreitas não o permitem. Já o desgraçado do peão fumador é uma verdadeira cristandade martirizada dos primórdios: qualquer dia tem que organizar-se em seitas e voltar às catacumbas para o pequeno vício.
Aconselho o seguinte: fumadores, o Dragão está convosco! Metam-se nos carros, ide para a porta das farmácias, escolas e outros geo-tabus, e, com o escape a debitar (de preferência diesel) e vós a fumegar dentro dele, força nisso! 
Tanto quanto uma Ribeira dos Milagres (nota: famosa via fluvial permanentemente poluída pelas suiniculturas), isto, cada vez mais, tresanda a rilhafoles a céu aberto. Tudo se resume a propaganda e esta está absolutamente controlada pelos malucos.

PSA: Aposto que será até por via disto  que vão instituir a - para  alguns profissionais da confraria, tão ansiada -  bufaria premiada. Chibar um fumador ilícito vai dar direito a cupões para um sorteio de bonificações, isenções ou descontos no IRS. Aleluia, irmãos!...

terça-feira, outubro 18, 2016

Já que estamos de maré...

Zappa, ou o Anti-Dylanismo activo

Acorrendo a uma pertinente questão («o Zappa não tem nenhuma canção a gozar com o Dylan?», alhures)  da nossa musa residente, a estimada Marina...

(E a seguir, ou antes, já não me lembro bem, no mesmo album, vem um gozo ao Peter Frampton - "I have been in you")





segunda-feira, outubro 17, 2016

Dilã ou não dilã, eis a questã




A senhora dona Amália tinha uma grande voz e sabia usá-la. Digo isto com o a vontade completo de quem não aprecia fado. Muito menos na forma actual de enxurrada (excepção à Ana Moura , que me faz babar não sei porquê, mas desconfio que não é pela música). O equivalente masculino no rock (alguém com uma grande voz e a saber utilizá-la com mestria ímpar) será qualquer coisa como Jim Morrison. Nos quase antípodas estará Bob Dylan . E digo quase, porque embora Dylan não tivesse voz que se apresentasse a uma plateia, soube usá-la em alguns momentos (ainda uns quantos) de forma empolgante. Ora, isso requer talento. Portanto, se quisermos ser justos (estou-me nas tintas para o pedigree, embora os escandinados não estejam), o tipo, já no fim da vida, não merecia de todo uma desfeita destas: atirarem-lhe  com o Nobel ou com um monte de bosta  vai dar exactamente ao mesmo. Aliás, o esterco seria até menos conspurcante. E ele é fino o bastante para saber disso. De tal modo, que nem se digna responder aos lança-nóbeis de cordel e alguidar. No que só ascende na minha consideração. Espero que faça como o Sartre (no único gesto digno que teve em toda a sua deplorável existência) e os mande enfiar o prémio pelo esfíncter acima.
Todavia, Dylan também produziu merdas intragáveis como "The times are não sei quê" e "Bufando no Vento" - duas porcarias que, só por si, mereciam, além do Nobel da literatura, também o da medicina, no mínimo, porventura em complemento àquele Nobel que concederam ao inventor da lobotomia (porque, no fundo, é "musica" para pré e pós-lobotomizados - suspeito que se trata mesmo duma forma camuflada de lobotomia acústica, dispensando cirurgia  ablativa.). E, para cúmulo, a criatura, em interlúdio obsessivo às arranhadelas nem sempre inspiradas da sua folk guitar (cuspo, escarro, nojo!), ainda ousava o requinte  sórdido (e próximo da guincharia inaturável) de soprar descabelantemente na porcaria duma harmónica, de cuja execução técnica não fazia a mais pequena ideia. O próprio técnico de gravação, mais o produtor, colaboravam no estrídulo festim, registando  o estafermado instrumento num tom e timbre que só quem alguma vez acompanhou ao vivo a matança tradicional de porco pôde experimentar tortura equivalente pelas trompas do eustáquio. Se juntarmos a isto o estatuto de pilar activista da contra-cultura americórnia dos anos 60, (afinal, estamos a falar do maior "baladeiro de protesto" dos States), então, teremos que reconhecer que se, por um lado (o estético), não merecia, por outro (o político), estava até habilitado. Bastante quiçá. Mas sem chegar sequer aos calcanhares - nem por sombras! -do José Rodrigues dos Santos, um pencudo beiçolas o aperfilhe!.
À margem de tudo isto, ou nem tanto, Dylan não tem culpa (apenas responsabilidade) de, pelos vistos, ter servido de inspiração a alguns geo-estrategas de chinela & sofá. Veio agora a público o que já se suspeitava há muito: foi nas Dylanosas cançonetas de encarquilhar túbaros e fazer mirrar genitálias - as tais "The times are não sei quê" e "Bufando no vento" - que se terão amestrado em história, política e geo-política luso-africana. Inquiridos sobre a matéria, invariavelmente, nem respondem: trauteiam. Ainda mais escarrachados que o guru. É que a "trova do vento que passa" em sendo do outro lado do Atlântico já é catita e amiga do mercado. E afinal, os trotskistas de lá não deram todos em capitalistas neocoisos? E os hippies não eram apenas a fase de casulo da crisálida yuppi? Em Woodstock não estavam apenas  a experimentar o trampolim para a Wall Street e o Stock Exchange? E a contra-cultura não se tornou, afinal, cultura? Só a coca e os speeds por detrás da última crise financeira davam para fazer esqui, slalom gigante e saltos.

PS: De Ornette Coleman, um dos ícones do free jazz (mesmo free à brava), conta-se que um dia, estando ele a tocar num antro de puristas, estes, ofendidos (o pessoal do jazz é fundamentalista avant-talibã e como só os snobs conseguem), interromperam-no abruptamente, bateram-lhe e partiram-lhe o saxofone. O mesmo tratamento devia ter sido ministrado, agora por uma boa causa, ao Dylan sempre que pegava na harmónica. Parti-la, neste caso, era difícil, de tão pequena, mas,ao menos, que a arremessassem para longe, de preferência ao mar ou a um rio próximo.

sábado, outubro 15, 2016

Só para relembrar....


Aqui, no Dragoscópio, em 1 de Fevereiro do presente ano:

«Não aposto nada , nem, tão pouco, faço alarde de aruspiciência infalível. Apenas me sinto inclinado a considerar a Bruxa Clinton como a próxima Presidente dos Estados Unidos e (Deus nos acuda!) Comandanta-em-Chefe.
Porquê, indagarão, algo perplexos, os caros leitores...
Por um conjunto de razões
1. De ordem ontológica: é a pior de todos, portanto é aquela que congrega mais forças malignas consigo (o que, no momento actual do mundo, é sucesso quase garantido).
2. De ordem cronológica: Depois dum deficiente e dum preto, segundo os critérios do Freak-show em curso, é suposto seguir-se uma gaja (só depois poderá ser um judeu, e apenas porque a gaja também queima já, em boa medida, a etapa gay)..
3. De ordem lógica: a eleição da Clinton pelos democratas está garantida. Depois é ela contra o Trump, ou seja, é toda a máquina democrata mais os neoconas, a CIA, a Mafia, o Congresso, Hollywood, o AIPAC, o Adelson, o Natanhião (descontem as redundâncias), etc, contra o Trump (na eventualidade de ser  o Trump o nomeado pelos republicanos). O Trump não tem hipótese.»
 
Faltou referir a Goldman (e o nosso ratus norvegicus Barroso junto com ela) no naipe de excrementos aí acima. Omissão imperdoável que agora se colmata com o devido pedido de desculpas. Quanto ao New York Times e demais fabriquetas de ruído e mentira industrial não passam de meros megafones de toda esta escória a armar à nata planetária. O Príncipe deste Mundo e meu primo afastado por via do tetaratio Apocalipse nunca esteve tão bem representado e servido nesta esterqueira.

quinta-feira, outubro 13, 2016

Acromiomancia Ultramarina - O Congo e os Sem-Tintins



Íamos então, se bem me lembro, no Congo...
O Congo é um lugar muito interessante. Relembremos uma prosa sugestiva acerca do local. Estávamos nos anos 60 (decorria a nossa guerra ultramarina) e um conceituado jornalista inglês, o sr. Ian Colvin, publicava uma interessante obra acerca de Moises Tchombé, o líder da secessão Catanguesa (e amigo dos portugueses). Transcrevo:
«O'Brien  [nota: O'Brien, essa besta, era o representante da ONU no Congo, à época] reflectiu na semelhança da política dos Estados Unidos e das Nações Unidas, nesta altura, e na subserviência do governo do Congo a ambas.
A aproximação da política americana e das Nações Unidas é mais fácil de compreender se acrescentarmos a descrição efectuada por O'Brien em Nova Iorque, no Congo Club, fotografias de diplomatas americanos cujo negócio era tentar compreender o Congo.
O presidente John Kennedy era um homem de impulsos generosos mas frequentemente errados. Ele sonhava com novos homens, homens de inspiração, que quebrassem o confronto Este-oeste em África ou em qualquer outra parte; para realizar essa obra pensava atrair para o seu lado os estados não-alinhados de estilo próprio. Escolheu Adlai Stevenson como chefe representativo nas Nações Unidas, como subsecretário de Estado George Ball e, como secretário assistente para os Assuntos Africanos na Secretaria de Estado, G. Mennen Williams. Durante doze anos a desempenhar as funções de governador do Michigan, Williams introduziu no campo da diplomacia uma visão insólita de determinados problemas. Acreditava que a amizade e o auxílio americanos desarmariam a hostilidade africana e a América ganharia amigos à custa, talvez, de potências mais antigas com passado colonial. "África para os Africanos!", exclamou após a sua chegada ao Quénia, em Fevereiro de 1961, um slogan que o próprio Lumumba não teria desdenhado. Não viu qualquer incongruência no auxílio americano à African Unity Charter [nota: actualmente mais conhecida por OUA]. Sobre a antiga África Oriental Britânica, declarou na altura: "Aqui poderemos fundar um poderoso baluarte da liberdade". Em 1962 afirmou que os Estados Unidos tinham "reprimido a infiltração comunista em África e mesmo fazê-la retroceder". Pouco antes de Zanzibar aderir à Cortina de Ferro pronunciou-se favoravelmente sobre o futuro da ilha. Apreciava o caso  do governo central do Congo em 1961, não obstante o seu passado instável, e o Katanga não lhe merecia qualquer atenção, apesar da ordem reinante e da sua amizade com o Oeste. Em Agosto de 1961, durante um encontro com Sir Roy em Salisbúria, admitiu que "Cyrile Adoula era o eleito dos americanos", desde o início, para o cargo de primeiro-ministro e disse que seria conveniente que as Nações Unidas ajudassem o governo central contra o Katanga.
O novo embaixador do presidente Kennedy em Léopoldeville era Edmund Guillion, diplomata de carreira desde 1937, que contraíra matrimónio em 1960 com uma amiga de Jacqueline Kennedy - tinha portanto acesso directo à Casa Branca. (...)
Guillion era forte partidário da política centralista de Léopoldville e preparava-se para segui-la mais abertamente do que os outros. Cometeu também o erro de tratar o Katanga, e algumas vezes o Congo, como uma república de bananas. Até 1964, a política democrática estrangeira limitou-se a aplaudir e a prestar auxílio às iniciaticas afro-asiáticas contra o poder colonial em África.
Tchombé constituía o alvo ideal que os Americanos aproveitaram para se unir ao Dr. Nkrumah e ao pândita Nehru. O presidente do Ghana era um aliado útil para os novos expedicionários americanos em África, O primeiro-ministro indiano era também útil a Kennedy, em virtude de a brigada indiana ser a única tropa na qual as Nações Unidas poderiam confiar. O conselheiro da embaixada da Índia em Washington, D.N. Chatterjee, que manteve violentas discussões em Janeiro e Fevereiro de 1967, resumiu-os da seguinte maneira: "Chegámos à conclusão de que Tchombé devia sair. Sabíamos tudo sobre os seus conselheiros brancos. Não era realmente um dirigente africano. Tchombé possuía a mentalidade de um europeu. Quando falava repetia frequentemente "les noirs!". Com juízos tão fáceis e preconceitos contra o "colonialismo", a América e a Índia fizeram uma aliança invulgar, tal como a política russa no Congo, que parecia resumir-se em reprovar tudo.»
- Ian Colvin, "Moisés Tchombé, De Elizabethville à Argélia"

Algumas notas. Em primeiro lugar, no texto em epígrafe estão balizadas as principais linhas de enquadramento externo (e visceral) da nossa Guerra Ultramarina (os obstáculos que o Katanga independente irá enfrentar são exatamente os mesmos que se colocam à Angola Portuguesa, o que não deixa de ser sintomático e esclarecedor acerca da retórica "descolhonizante".  Os Katangueses não querem alinhar na balbúrdia e na desordem instaurada através da "independência  a martelo do Congo". Todavia, não têm "direito à liberdade e autodeterminação", porque sim, porque não é afro-chimp, porque não convém à "ONU"/USA. Tchombé não se manifesta um racista visceral anti-europeu, logo tem que ser afastado).  Está igualmente balizado o significado concreto da "ONU"; estão delimitados os principais inimigos externos - os tais bufões detrás dos "ventos históricos".( E note-se neste departamento que como um mal nunca vem só, a juntar à inenarrável administração Kennedy, rabiavam os trabalhistas ingleses dum indescritível Wilson. O que, a dado trecho, resultou no complexo quadro  dos apoiantes e inimigos de Tchombé: dum lado, Portugal, Espanha, França, África do Sul e os conservadores britânicos; do outro, os Estados Unidos, a Bélgica, o governo britânico e o bloco afro-asiático - do Gana à Índia, sobretudo (os dois grandes tubarões, União Soviética e China mantinham-se em tenebroso despique nos subterrâneos de tudo o que se lhes proporcionasse; a estupidez a cavalo na cupidez americana não lhes faltaria com abastecimento)
Entretanto, quem tenha lido com atenção o "Diário" de Franco Nogueira (os raros que se interessam verdadeiramente por estas questões), poderá recordar alguns destes personagens acima enunciados. O figurão Mennem Williams, sobretudo, é mais conhecido  por "o Williams dos sabonetes" (o pai possuía uma fábrica desses artigos de higiene pessoal, donde decorria uma marca conhecida e fortuna correspondente). O slogan de "África para os africanos", que inaugurou toda uma época e instaurou todo um programa, está ao nível de "A terra a quem a trabalha" , do "povo é quem mais ordena" e de outras pérolas de idêntico jaez. É claro que os "africanos" é um conceito muito volátil e irrequieto que voga conforme as conveniências: os Boers, os Katangueses, os tipos do Biafra, os portugueses de terceira geração em Angola ou Moçambique, os rodesianos brancos ou quem quer que não se ajuste ao interesse geral dos saboneteiros não cabe no conceito. Acaba expulso da "história": África aos africanos e ambos aos sabonetes!, eis o desenlace feliz pré-fabricado no Congo Club.
Por outro lado, é visível a sintonia e o apoio sempre pronto de Salazar a Tchombé e à causa Katanguesa. Era do interesse de Portugal fomentar o desenvolvimento e estabelecimento de "bons relacionamentos" nas regiões contíguas ao fulcro do seu Ultramar estratégico. Interessava-nos Tchombé, tanto quanto não nos interessava Lumumba. A diferença que vai entre alguém que não  facilitaria a vida à UPA e alguém que a apoiava, sediava e promovia. Da mesma forma, Portugal apoiou recorrentemente o presidente do Congo-Brazzaville (Congo-Francês) Fulbert Youlou. Todavia, Youlou também era demasiado amigo dos europeus e da ordem. Ainda por cima arvorava-se como anticomunista feroz. Intragável, portanto, aos novos paladares saboneteiros e afro-coisos. Acabou deposto em 1963 por um golpe militar, sob beneplácito dos do costume. Em seu lugar foi entronizado um pró-comunista a quem a China acorreu a todo o vapor. O resultado prático para Portugal, foi a instauração das bases do MPLA no território (Congo-Francês), donde passou a emitir raides subversivos contra Cabinda. A política portuguesa, todavia, secretamente, não deixou de tentar repor Youlou no poder. Fenómeno, este, típico dos países soberanos dotados de política externa autónoma.
Mas para vermos a que ponto era importante o Congo para os nossos interesses ultramarinos, registe-se que se o MPLA se incrustou em Brazzaville, do outro lado do rio, em Leópoldeville (futura Kinshasa), abivacava, de armas e bagagens, o GRAE (Governo Angolano no exílio), que era como Holden Roberto, pomposamente, se auto-intitulava e ao  seu bando de terroristas liambados. Há uma descrição do fenómeno ao vivo e in situ (muito pitoreesca, aliás):
«Em Abril de 1963, de passagem por Leopoldville, o recepcionista negro do hotel onde me hospedava perguntou-me se eu desejava conhecer Holden Roberto, o "grande chefe". Aceitei com ambas as mãos esta proposta e, minutos mais tarde, dois Africanos batiam à porta do meu quarto para me conduzirem à sede do governo angolano no exílio (GRAE), situada em pleno centro da cidade. A rua estava repleta de Negros e uma fila de automóveis, cada qual mais caro que o outro, estacionava em frente de uma moradia cuja escadaria parecia desmoronar-se sob um cacho humano. No pátio, uma centena de homens e mulheres atarefava-se em redor de fogueiras onde preparam refeições enquanto um grupo de jovens fazia exercícios de ginástica. Informaram-me complacentemente que se tratava da guarda pessoal do "Primeiro Ministro".
Ao entrar no edifício, lembro-me que quase ia rebentando a rir quando li, numa correnteza de portas, os seguintes letreiros: "Gabinete do Primeiro Ministro", "Gabinete do Interior", "Gabinete de Toilette", "Gabinete dos Negócios Estrangeiros", "Gabinete da Guerra", "Gabinete dos Refugiados". Rodeado pelo seu "Gabinete", Holden Roberto recebeu-me, visivelmente satisfeito por discutir com um jornalista chegado da América, país reputado rico e generoso, visto que, desde o princípio, logo me falou de dinheiro. Enquanto fazia o elogio da América, que havia visitado em 1959, Holden Roberto disse-me sem delongas:
- Temos tudo o que precisamos menos dinheiro. Ajude-nos, escreva sobre a nossa causa e diga que homens não nos faltam; cérebros e armas também não. Só não temos dinheiro.
- Mas para quê dinheiro, se possuem homens e armas, que é o essencial? - retorqui-lhe ingenuamente.
- Ora, para ajudar o povo, os 300 000 refugiados angolanos que presentemente vivem no Congo Belga - replicou ele.
Estes 300 000 refugiados - gozando de auxílio internacional - tinham vindo aumentar as fileiras dos ladrões e dos preguiçosos, dando fortes dores de cabeça ao governo congolês. Holden Roberto parecia bastante seguro de si e propôs-me ir visitar um dos campos militares, situados perto da fronteira angolana, em Kinkuzu, conhecido por ser uma importante base terrorista.
- Quantos homens em armas tem você? - perguntei.
- Aqui, em treino, dez mil; vinte mil a combater em Angola, e outro tanto à espera de receber instrução militar.
Holden Roberto estava longe de dizer a verdade, pois apenas se avaliava em dez mil o número dos seus homens, quer a combater, quer em treinos. Quanto a cérebros, havia em seu redor alguns antigos enfermeiros, alguns escriturários, com a ajuda dos quais ele pretendia dirigir os destinos de uma Angola independente. Porém, onde Roberto não mentia era quando afirmava que armas não faltavam. Os seus homens, cuja maioria havia tomado parte na carnificina, tinham à disposição carabinas-metralhadoras, morteiros e até minas. O armazém de armas e munições da U.P.A. era o próprio arsenal congolês, pois os soldados de Mobutu trocavam sem dificuldade o seu material por dinheiro ou álcool. Mais ainda, até à partida da ONU, os Ganeses, Marroquinos e Tunisinos haviam igualmente contribuído para equipar a U.P.A.»
- Mugur Valahu, "Angola, Chave de África"

 Estou seguro que o Gabinete de Toilette era o centro nevrálgico de toda a operação: era certamente nesse reduto de ininterrupta iluminação que se gizavam planos, estratégias e projectos governamentais passados, presentes e futuros.
Voltando ao Katanga, convém traduzir melhor o termo para o leitor leigo nestas matérias:
«A província do Katanga deve a sua riqueza à extracção do cobre e em mais de metade da produção mundial de cobalto, urânio, ouro, prata, cádmio, manganésio, titânio, diamantes, platina, grafite, ferro, estanho, níquel, "uma escandalosa riqueza mineral", como se dizia nos países mais pobres de África. Os seus trabalhadores ganham em média três vezes mais per capita do que os outros congoleses e os seus lucros provocavam a inveja das províncias menos ricas.»
- Ian Colvin, in "Tchombé, De Elizabethville à Argélia"

Estamos portanto a falar duma das regiões mais ricas de África e do mundo inteiro. Ora, os sabonetes deste mesmo mundo apostaram na independência do Congo tendo como alvo principal o "processamento" do Katanga e a última coisa que lhes interessava era um Katanga independente, ordeiro, onde prosseguisse sem grandes sobressaltos  a vitalidade e prosperidade económicas herdadas do tempo colonial. Aqui chegados, se prestarem fina atenção, detectam o cerne do processo descolhonizante em geral e o modus operandi do neo-colonialismo em concreto. O que estou a referir em relação ao Katanga é plenamente transponível para a independência de Angola e das nossas antigas colónias. Importa que "descolonização" se salde por destruição, desordem, desestruturação, em resumo, caos sob controlo remoto. África significa, neste contexto, mero depósito de matéria prima.  Não interessa que o Katanga prospere (ou Angola, ou o que seja), porque isso significaria redução de preços do cobre e outros minérios. Seria o mercado a funcionar e seria benéfico para o mundo em geral. Mas a última coisa que ocupa ou preocupa estas saboneteiras expedicionárias é o bem estar da humanidade ou o regular funcionamento do mercado. Ambos devem ser dirigidos por uma Central o mais financeira possível (conferir com a actualidade, sff) e regulados de acordo à conveniência cripto-gestora. O pós-Guerra e os anos sessenta em especial representam o despontar e implantar crescente desta lógica sinistra. Ao pé do "Planeamento Global", como vamos cada vez mais percepcionando, os planos quinquilheiros dos planeamentos estatais não passaram duma brincadeira de crianças. É certo que por detrás urde o mesmo "espírito" que outra coisa não é que o anti-espírito em figura de super-gente. Chamei-lhes em local próprio as "meta-criaturas". Mas há todo um permanente urdir e tramar cada ano mais desumano, impiedoso e prepotente.
O nosso principal (e mais bem sucedido) capítulo da Guerra do Ultramar decorre em paralelo com a independência do Congo, sobremaneira o Belga (futuro Zaire, depois R.D.Congo). Razões várias - partilha de tribos trans-fronteiriças, partilha de rotas económicas cruciais (toda a riqueza do Katanga só tem duas vias de escoamento, ambas controladas pelos portugueses - Caminho de Ferro de Benguela e porto da Beira), acções subversivas transmigratórias, etc -, ocasionam que o Congo funcione de certa forma como espelho avançado de Angola. E também como tabuleiro geo-estratégico onde se antecipará o futuro desta. Há claramente duas forças em confronto: as forças da ordem europeia resistente que procuram trazer o Congo para a órbita e inclusão na África Austral, e as forças da desordem neo-colonial, sob a máscara da ONU, que porfiam pela "africanização" caótica do território, recambiado, sem apelo nem agravo, a um super-sobado maquilhado de república de macacos, muito mais até que de bananas. Duas figuras, por fim, cristalizarão os dois polos em confronto: Mobutu e Tchombé. A derrota última deste representou um augúrio soturno da nossa.
Veremos isso em detalhe no próximo postal. Sendo certo que a recapitulação história daquilo que foi a "Independência do Congo Belga" constitui o maior arsenal de desinfestação da retórica descolhonizante com que récuas de grunhos auto-mutilados cismam de fustigar a aragem junto com a decência. Ou seja, o Congo, nos anos sessenta, mesmo ao lado de Angola, representava, todos os dias e em catadupa, o maior certificado da justificação, razão e justiça da posição portuguesa. Como os milhões de refugiados em debandada permanente da África neo-colonizada deste  últimos vinte anos atestam e proclamam ainda hoje. Aqueles que fomentaram  a retirada dos europeus de África juntaram a agressão ao insulto quando os endrominaram que bastava virem-se embora e tudo acabava ali. Não acabava. Na segunda parte do jogo, despejavam-se africanos na Europa. A "africanização", sob os auspícios da "ONU", era, e é, para ser continuada na própria Europa. A traição tem uma paga imediata; mas a cobardia, essa, é sempre recompensada a longo prazo. Com juros e alcavalas.

PS: Fizeram um monte de barulho por via do excremento  Barroso ir trabalhar para os americanos. Já trabalhava enquanto presidente da Comichão, o que era muito mais grave e danoso, e ninguém bufava. Agora vai aquela anedota do Guterres trabalhar também para os mesmos e tudo em grande festa, num foguetório tipicamente saloio, e ninguém reclama.

PSS: pareceu-me ouvir um ruído de coaxar algures. Deve ser impressão minha. E pontapé de sapo (mai-la rã anexa) deve ser um kung-fu daqueles. Coisa de estarrecer alguma mosca incauta, por certo.